Fonte de inspiração.

Fui beber de sua fonte e percebi o quão seca ela estava.
Deparei-me com um vazio imenso onde sempre busquei inspiração.
O que fazer? Onde foi parar? Nunca mais me deleitar em seu bem querer?
Por um instante fiquei sem palavras. Estava sem meu ponto de partida.
Passa um, dois, três. O silêncio, a raiva, o desespero.
Mais um trago. Um olhar, profundo. Outro trago.
Começo a rascunhar versos que mais parecem grunhidos.
Paro, analiso, penso. Procuro um novo sentimento espontâneo.
O som do vento,o frio da noite, uma boa tequila, um novo amor...
Nada era tão intenso quanto à luz que outrora foi minha.
Período de adaptação. Volto a rabiscar as vogais em minha cartilha do primário.
A, sempre o amor.
E, uma pausa explicativa.
I, o meu maior anseio: inspiração.
O, inicial para um vocábulo masculino, a letra mais forte, mais presente em meu eu lírico.
U, o final.
Porém ainda me faltava algo. Minha ânsia, meu anelo, minha cobiça.
Entre risos forjados, conversas ensaiadas e pequenos insultos que fico em meu bloco de notas. Editando novos trechos de um poema velho.
Já longe em minha trajetória olho para trás e avisto minha fonte, que mesmo sem me cativar a novos versos continua bela, com seus ornamentos, com sua sombra bem disposta. E eu parado admiro, sem palavras. Só desejos.