A raiz do mundo

Toda vez que se deita ele sonha, imagina uma vida onde tudo seria diferente. Ele só queria que o mundo parasse de girar e suas fronteiras se unissem. Não nasceu para essa terra, não deseja esse mundo. Só suplica por mudança. Aos poucos ele foi se fixando, criando raízes onde não queria. Ele deseja arrancá-las. Infelizmente seus anseios não se realizarão. Nem tudo é fácil de cortar como lenha. Mais nesse instante ele deve encarar a realidade, de frente. Como homem forte que é. Mesmo que no fundo ele chore, sentado no banco da praça, em plena avenida. Ele chora. Nem percebe a mão amiga. A voz consoladora ao seu lado. Apenas chora e desaba. Perdi toda pose de galã, toda pompa. Mostra-se real. Mostra-se humano. Mostra-se frágil. Se nem os grandes imperadores conseguiram manter firme suas nações, porque ele conseguiria? Ainda mais sozinho, autista, parado, inerte e mudo. A solidão é questão de escolha. Decida-se. Não se deixe enganar com novos conselhos, novos sabores e atualizações na agenda de contatos. Se o acaso o trouxe aqui, nesse banco, com essa pessoa e nessa situação é porque deveria ser. Não que sua vida esteja presa eternamente num lugar onde não se tem plena vida e felicidade. Na verdade ela apenas está pausada, aguardando a grama nascer no jardim cheio de novidades. Ela aguarda para que a partir dessa grande fase (cansativa), passemos a celebrar, mais a união.