Mais um dia ou
noite se passou, depois de tantos dias com o céu em chamas nem faz mais sentido
olhar no relógio para saber se são quatro da tarde ou quatro da manhã. Jonas e
Manu apenas andam, andam por ruas desertas, sem caos eminente, apenas uma
imensidão vazia sem nenhuma pessoa por perto.
De
longe Giórgia avista o casal no final de sua rua, seu coração dispara, um misto
de alegria e medo. Não sabendo o que esperar ela resolveu ficar ali sentada na
calçada e esperar eles passarem por ela, estava faminta e um adulto poderia
ajudar ela em algo. A cada passo que eles davam ela ficava mais ansiosa, em
poucos dias essa pequena menina aprendeu mais que qualquer pessoa poderia
ensinar, viveu quase uma semana sozinha, sem ajuda de ninguém, apenas com a
esperança que seus pais finalmente acordassem do sono sem fim que estavam.
Quando
Manu percebeu que havia uma criança na rua suas mãos congelaram, ela queria
sair correndo e falar com a criança que estava na rua sozinha. Ela apertou a
mão de Jonas, eles se olharam:
-
Mas alguém Jonas.
-
Uma criança apenas, precisamos encontrar os pais. Ver como estão sobrevivendo.
Quando chegaram próximos a menina
ela hesitou, os três se olhavam e não falavam nada. Muito tempo se passou para
que um diálogo fosse estabelecido, eles se olhavam apenas. Jonas se sentou ao
lado da menina, ela estava com os olhos cheios de lagrimas, cabelo bagunçado e
um cheiro estranho.
-
Oi. – e menina não respondeu. Olá, eu sou o Jonas e esse é minha namorada Manu.
Como você chama.
-
G... Gio... Gio.
-
Onde estão seus pais? Gostaríamos de conversar com eles.
Nesse momento Giorgia se levante,
sai correndo em direção a sua casa. Eles não sabem o que fazer e a seguem.
Quando chegam passam por uma sala cheia de embalagens no chão, adentram uma
cozinha suja e malcheirosa e param em frente a uma porta trancada, com Gio
parada na frente. A pequenina sai da frente e pede que eles entrem. Ao entrar Manu
fica em estado de choque, paralisada ao ver um casal deitado na cama, imóveis e
sem vida. Por um segundo passaram milhares de coisas em sua cabeça, em como aquela
criança estava abandonada, sem ajuda e sofrendo com a perda dos pais. Milhares de
hipóteses passaram por sua cabeça nesse segundo.
O
casal se sentou na sala com Gio e tentou explicar a situação, que seus pais não
mais acordariam e que precisam ir para conseguir comida e tentar encontrar mais
sobreviventes. Fizeram as malas dela, pegaram os restos de comida que tinha,
cozinham macarrão que encontraram na casa e depois de algumas horas partiram.
Sem rumo certo, eles formaram uma nova família e vão juntos em busca do novo
mundo. Não sabem até quando vão resistir, se eles são imunes as doenças que afligiu
quase toda população mundial. Apenas sabem que precisam ir em diante e dar um
futuro para essa criança.
O
mundo nunca mais foi o mesmo desde o incidente, a luz do sol não entra mais por
completo, as plantas que não morreram não crescem direito, a agua tem gosto
ruim e a imagem geral é um mundo solitário, com poucas pessoas circulando em
busca de comida, proteção e respostas. Tiveram que se adaptar ao novo planeta
terra, alguns começaram a contar os anos de novo, ano um depois do incidente.
Outros nem sequer pensam muito no que houve, apenas sobrevivem e a grande
maioria ficou na memória, na lembrança dos que vivem aqui nesse mundo, ou no
preludio do fim mundo.
FIM